Sindicatos perdem 2 milhoes de associados em dois anos, aponta IBGE
RIO - Os sindicatos espalhados pelo país perderam quase 2 milhões de associados no período de 2015 a 2017, segundo dados de um módulo especial da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua divulgada nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O país tinha 16,3 milhões de pessoas associadas a algum sindicato em 2017 (empregadas ou não), o que representava 11,5% do total de trabalhadores brasileiros. Dois anos antes, 18,2 milhões de pessoas estavam sindicalizadas, o que representava 13,1% do total de trabalhadores.
Para Adriana Beringuy, analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, a redução na sindicalização continuou no ano passado mesmo com a discreta recuperação da população ocupada. Para ela, isso pode ser explicado pelo fato dos empregos gerados serem principalmente no mercado informal.
"De 2015 para 2016, o país perdeu mais de 1 milhão de empregos. Essa perda foi maior entre pessoas de carteira de trabalho assinada, que costumam ter percentual maior de sindicalizados. No ano passado, a leve recuperação do emprego ocorreu sobretudo em ocupações sem carteira assinada", disse ela.
Sobre os impactos da reforma trabalhista na atividade sindical, que determinou o fim da obrigatoriedade do imposto sindical, ela afirma que a lei entrou em vigor no fim de 2017 e teve pouca ou nenhuma influência sobre os resultados captados pela pesquisa, que foi a campo ao longo do ano passado.
De acordo com a pesquisa, todas as grandes regiões do país tiveram redução na taxa de sindicalização de 2015 para 2016. No ano passado, a exceção foi o Centro-Oeste, que mostrou recuperação do indicador. O Nordeste tem a maior taxa de sindicalização do país, de 13,5% no ano passado.
Os empregados no setor público (inclusive estatutários e militares) seguem sendo os mais sindicalizados, embora também em declínio. Em 2014, 29,4% dos empregados no setor público eram associados a sindicatos. Esse percentual recuou nos três anos seguintes, em 2015 (28,9%), em 2016 (27,5%) e 2017 (27,3%).
O levantamento também pesquisou as cooperativas de trabalhadores. Em 2017, 1,59 milhão de pessoas empregadas ou trabalhando por conta própria estavam associadas a cooperativa de trabalho ou produção. O resultado ficou praticamente estável em relação ao ano anterior (1,56 milhão de pessoas).
FONTE Valor Economico