Reforma tributária nos EUA faz crescer lucro de companhias
A Kraft Heinz, controlada pelo fundo brasileiro 3G Capital, reportou lucro líquido recorde de US$ 11 bilhões em 2017, três vezes superior aos US$ 3,63 bilhões verificados em 2016. Grande parte do ganho foi decorrente de legislação tributária que entrou em vigor em dezembro nos Estados Unidos. A nova regra reduziu de 35% para 21% a alíquota de imposto de renda pago pelas empresas.
Somente essa mudança fiscal foi responsável por impacto positivo de US$ 7 bilhões nos ganhos do quarto trimestre da Kraft Heinz, fazendo com que o lucro líquido do período atingisse US$ 8 bilhões, alta de 8,5 vezes ante os US$ 944 milhões do mesmo trimestre em 2016.
David Knopf, diretor financeiro da fabricante de alimentos, afirmou que desde que as alterações fiscais entraram em vigor, foram realizados investimentos estratégicos de US$ 300 milhões e as despesas de capital para melhorar o negócio somaram US$ 800 milhões. A expectativa é de que a nova lei colabore para o crescimento das vendas neste ano.
Considerada a maior redução de impostos dos últimos anos, a reforma tem como objetivos aumentar o lucro das empresas, repatriar os ganhos das multinacionais, aumentar os salários dos trabalhadores e acelerar o crescimento da economia americana. A intenção do governo americano com a medida é que as companhias invistam mais nos EUA.
Outras empresas do setor de consumo que tiveram seus lucros beneficiados pela reforma tributária entre outubro e dezembro foram Procter & Gamble (P&G), Unilever, Avon, J.M. Smucker e Nestlé. Dona da marca de sabonete Dove e do sorvete Ben & Jerry's, a Unilever informou nos resultados um ganho de US$ 578 milhões oriundo da nova lei.
Dona de marcas como Dunkin' Donuts, a J.M. Smucker teve lucro líquido de US$ 1,15 bilhão no ano passado, alta de 2,4 vezes em relação a 2016. Esse resultado inclui um ganho de US$ 765,8 milhões da recente reforma tributária. Devido ao benefício, o conglomerado anunciou a distribuição de bônus excepcional de US$ 1 mil aos quase 5 mil funcionários, além de um depósito de US$ 20 milhões no fundo de pensão.
A gigante P&G, sediada em Cincinnati, também informou que a mudança na legislação gerou créditos fiscais líquidos de US$ 135 milhões, sendo que esse benefício poderá aumentar no futuro até que a taxa de imposto de renda de 21% seja totalmente adotada. Para o exercício do ano fiscal que termina em junho de 2018, a fabricante de bens de consumo estima que o imposto esteja ao redor de 28%.
No caso da suíça Nestlé, é esperada uma redução nas despesas fiscais corporativas nos Estados Unidos de aproximadamente 300 milhões de francos suíços por ano a partir de janeiro de 2018. A alteração na alíquota do tributo ocasionou um ganho pontual de 850 milhões de francos suíços no ano passado.
Por fim, a fabricante de cosméticos Avon reconheceu no quarto trimestre valor líquido de US$ 30 milhões decorrente do benefício fiscal aprovado em dezembro.
O conglomerado Kraft Heinz, criado em 2015 após acordo de US$ 100 bilhões capitaneado pela 3G Capital e pelo megainvestidor Warren Buffett, continua em busca de empresas para fusões ou aquisições.
Bernardo Hees, presidente da Kraft Heinz, disse na sexta-feira, ao comentar o balanço de 2017, que a companhia busca marcas fortes, com alcance internacional e escala para participar da consolidação da indústria. "Somos capazes e queremos participar da consolidação da indústria", afirmou Hees.
Em fevereiro de 2017, a empresa controlada pela 3G e pelo megainvestidor Warren Buffett, fez uma proposta de fusão à Unilever no valor de US$ 143 bilhões, que foi rejeitada pela gigante de consumo.
Para 2018, a Kraft Heinz pretende reduzir em 41,2% os investimentos em bens de capital em relação ao ano anterior, para US$ 850 milhões. A companhia prevê vendas mais fracas no primeiro trimestre deste ano devido à forte concorrência e à falta de alguns produtos congelados.