Producao industrial tem queda maior que a usual para setembro, diz CNI
BRASÍLIA - A confederação Nacional da Indústria (CNI) informa que a sua pesquisa mensal Sondagem Industrial mostra queda da produção em setembro. Embora o recuo seja usual para o período, a queda em 2018 é mais intensa que a registrada entre agosto e setembro do ano passado, diz a entidade.
O índice de evolução da produção ficou em 47,2 pontos em setembro. Como está abaixo dos 50 pontos, mostra queda na comparação com o mês anterior. O índice é inferior ao registrado no mesmo mês de 2017, o que significa dizer que o recuo da produção na passagem de agosto para setembro foi mais intensa em 2018 do que no ano passado.
O indicador de evolução da produção das grandes empresas é o menor para o mês de praticamente toda a série mensal, iniciada em 2010. Supera apenas o registrado em 2015 e se iguala a 2016, anos bastante negativos para a atividade industrial.
A Utilização da Capacidade Instalada (UCI) recuou 1 ponto percentual (p.p.) entre agosto e setembro de 2018, para 68%. Apesar da queda, o índice é 2 p.p. superior ao registrado no mesmo mês dos últimos três anos (2015-2017). Desde junho, a UCI supera o registrado no mesmo mês dos três anos anteriores, mas fica abaixo do registrado entre 2011 e 2014.
O índice de Utilização da Capacidade Instalada efetiva em relação ao usual (UCI efetiva/ usual) recuou 2,5 pontos em setembro, para 42,8 pontos. O índice é 1 ponto percentual maior que o registrado em setembro de 2017 – e supera o registrado no mesmo mês desde 2013 –, mas continua muito abaixo da linha divisória de 50 pontos, que separa atividade abaixo do usual para o mês de atividade acima do usual.
“A utilização da capacidade instalada segue abaixo do observado em anos de boa atividade industrial, como entre 2011 e 2014, mas supera o registrado nos últimos anos. Há um pequeno excesso de estoques, mas ele não se alterou entre agosto e setembro. Os dados trimestrais mostram melhora das condições financeiras das empresas, que haviam piorado nos dois últimos trimestres”, pondera a entidade em documento divulgado nesta terça-feira.
O índice de evolução do nível de estoques ficou em 50,6 pontos, apontando aumento dos estoques entre agosto e setembro. Com isso, os estoques mantiveram-se acima do planejado pelas empresas. O índice de nível de estoque efetivo em relação ao planejado ficou em 51,2 pontos — inalterado na comparação com agosto.
O índice de evolução do número de empregados registrou 49,2 pontos em setembro, ou seja, mostra queda do emprego industrial. O patamar é praticamente o mesmo registrado em agosto - houve crescimento de 0,1 ponto nessa comparação.
Satisfação com lucro
Os índices de satisfação com o lucro operacional e com a situação financeira aumentaram no terceiro trimestre, após duas quedas consecutivas. Ambos os índices vinham de uma sequência sete trimestres de altas antes da interrupção nos dois primeiros trimestres de 2018. Assim, são superiores aos registrados no mesmo trimestre de 2017.
O índice de satisfação com a situação financeira ficou em 46,9 pontos no terceiro trimestre de 2018, um crescimento de 1,6 ponto na comparação com o observado no segundo trimestre e de 1,4 ponto frente ao mesmo período anterior. Já o índice de satisfação com o lucro operacional registra 42,4 pontos, um aumento de 2,5 pontos frente ao trimestre anterior e de 0,6 ponto na comparação com igual trimestre de 2017.
Crédito
O índice de acesso ao crédito aumentou 1,3 ponto no terceiro trimestre de 2018, para 38,2 pontos. Esse crescimento reverte a queda de 0,7 ponto do trimestre anterior, que por sua vez interrompera sequência de sete trimestres de aumentos consecutivos. O índice é 2,7 pontos superior ao registrado no mesmo trimestre de 2017, mas permanece muito distante dos 50 pontos, o que indica que o acesso ao crédito segue muito mais difícil que o normal.
Barreiras
A elevada carga tributária e a demanda interna insuficiente permanecem como os principais problemas enfrentados pelas empresas. A elevada carga tributária foi assinalada por 42,7% das empresas, 3,5 pontos percentuais (p.p.) a mais do registrado no 2º trimestre. A assinalação de demanda insuficiente aumentou 0,3 p.p., para 30,6%.
A falta ou alto custo da matéria-prima manteve-se na terceira posição do ranking de principais problemas, com 27,9% de assinalações. O percentual representa aumento de 1 p.p. na comparação com o trimestre anterior. É o quinto aumento consecutivo da assinalação desse item. Antes dessa sequência de altas, falta ou alto custo de matéria-prima era o sétimo principal problema, com apenas 14,4% de assinalações.
A taxa de câmbio recebeu mais citções e passou da quinta para a quarta posição no ranking. O problema foi assinalado por 24,5% dos respondentes, 2,7 p.p a mais do que no trimestre anterior. No primeiro trimestre de 2018, a taxa de câmbio era o 13º principal problema, assinalado por apenas 9,2% das empresas.
Expectativas
Os índices de expectativa dos empresários recuaram pelo segundo mês consecutivo em outubro e passam a registrar valores inferiores ao registrado em outubro de 2017. Apesar disso, os empresários seguem otimistas com relação à demanda, compras de matérias-primas e quantidade exportada. Os empresários, que esperavam manutenção do emprego em setembro, passam a projetar queda para os próximos seis meses. O índice de expectativa de número de empregados caiu de 50,0 pontos para 49,1 pontos.
A disposição de investir do empresário praticamente não se alterou em outubro. O índice de intenção de investimento aumentou 0,1 ponto, para 50,9 pontos. Na comparação com o mesmo mês de 2017, o índice mostra crescimento de 1,3 ponto.
FONTE www.valor.com.br