Preso em operacao da PF e socio de transportadora de Caxias do Sul
PORTO ALEGRE, PARA O VALOR - A Polícia Federal cumpriu nesta quinta-feira, no Rio Grande do Sul, um mandado de prisão temporária de um empresário investigado pelos crimes de locaute e associação criminosa durante a greve dos caminhoneiros.
A prisão foi realizada em um condomínio de luxo em Xangri-Lá, no litoral norte do Estado, e outras três ordens de busca e apreensão foram cumpridas nos municípios de Caxias do Sul e Vale Real, na serra gaúcha.
A PF não revelou o nome do empresário preso na operação, batizada de "Unlocked" [desbloqueado, em inglês], mas o jornal "Zero Hora" apurou que se trata de Vinicius Pellenz, um dos sócios da Irapuru Transportes, de Caxias do Sul, e o Valor confirmou a informação.
Conforme o superintendente da PF no Estado, Alexandre Isbarrola, a empresa investigada é uma "grande transportadora que agia com violência ou grave ameaça" para "impedir a livre circulação de pessoas e mercadorias".
Em entrevista em Porto Alegre, Isbarrola explicou que os alvos prioritários dos investigados eram os caminhões de grãos, carnes e combustíveis, com o objetivo de desabastecer as granjas de aves e os consumidores da serra e da região metropolitana de Porto Alegre.
Segundo ele, a instituição já instaurou "alguns inquéritos" no estado sobre este tipo de crime durante a greve dos caminhoneiros e o anunciado hoje está em fase mais avançada porque nele foram obtidos "elementos contundentes" da prática de locaute.
O inquérito foi instaurado na quarta-feira (último dia 30 de 5) e a operação foi realizada em conjunto com a Brigada Militar e a Polícia Rodoviária Federal (PRF), informou a Polícia Federal.
De acordo com a PF, os motoristas de caminhões eram ameaçados pelos investigados para não realizar o transporte de cargas ou obrigados a desembarcar e abandonar os veículos em postos de combustíveis. As ações criminosas ocorreram principalmente nas rodovias RS-122, RS-452 e BR-116, entre os municípios de Bom Princípio, Feliz e Vila Cristina.
"Os próprios sócios desta grande transportadora atuavam na coordenação do movimento, ameaçando as pessoas ou arregimentando terceiros", explicou. "Os motoristas eram obrigados a parar seus caminhões e aqueles que não concordavam eram retirados mediante violência ou grave ameaça".
Conforme Isbarrola, pessoas percorriam estradas federais, estaduais e até vicinais no Estado em comboios de veículos e, por ordem dos empresários envolvidos, obrigavam os motoristas dos caminhões a parar e recolher os veículos.
O Valor telefonou para a sede da Irapuru, em Caxias do Sul, mas ninguém atendeu a ligação. A empresa tem sede em Caxias do Sul e filiais no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Distrito Federal, de acordo com informações disponíveis em seu site na internet.
FONTE: Valor