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Petróleo sobe com tensão geopolítica

Descolado dos fundamentos econômicos que o guiavam até então, de oferta e demanda mundial, o petróleo disparou nos últimos dias puxado pelas tensões geopolíticas. Antes o Estados Unidos aparecia como fiel da balança, pressionando os preços por conta do avanço das produtoras do xisto e, agora, também é o denominador comum: as medidas de Donald Trump são apontadas como a causa desse movimento de valorização.

Até ontem, durante abril, o segundo contrato do barril do Brent, referência mundial, sobe 3,1% na ICE Futures de Londres, para US$ 71,46, enquanto o WTI avança 2,9% na Nymex, de Nova York, para US$ 66,74. Se for levado em conta apenas os últimos três dias de negócios, a alta é bem mais intensa, de 7,2% e 7,5%, respectivamente.

"Como analistas que tratam primordialmente de oferta e demanda, estamos desconfortáveis com o movimento de agora porque os dados estão dominados por política", ressalta o banco alemão Commerzbank, em nota. "Os holofotes estão sobre o provável ataque militar do Ocidente ao regime sírio. O risco não só de um contra-ataque da Rússia como de uma postura mais ativa dos Estados Unidos no Oriente Médio impulsionam os preços."

Há alguns anos o petróleo americano vem ganhando protagonismo no mercado. Primeiro, com os custos cada vez menores de exploração no xisto, que incentivaram o aumento da produção local - culminando na superação do recorde histórico de 10 milhões de barris por dia na virada de 2017 para 2018 - e ajudaram a derrubar a cotação do barril. Mas, recentemente, observa-se o protecionismo de Trump e suas ameaças geopolíticas.

Em um horizonte mais longo, contando desde o fim de fevereiro, o Brent tem ganhos de 10,4% e o WTI, de 8,6%. No ano, a alta é de 7,6% e 10,4%, respectivamente.

"Analisando a magnitude desse repique nos preços durante as últimas semanas, acreditamos que o mercado esteja muito mais influenciado pelas mudanças de sentimento do que por fundamentos econômicos de longo prazo", escreve Norbert Rücker, do banco suíço Julius Baer, em relatório. Para ele, o sentimento tem sido pendular, variando de otimista para pessimista em ciclos muito mais curtos, de meses, que no passado durariam muito mais.

A corretora australiana ANZ Research ressalta também outro risco geopolítico para o petróleo: o acordo nuclear do Irã. A chance de Trump negar a assinatura em 12 de maio está cada vez maior, diz a instituição. "Quase 1 milhão de barris por dia de petróleo pode ficar fora do mercado internacional", acrescenta.