Sindetrans - Sindicato das empresas de transportes de cargas de Ribeirão Preto e Região

Notícias

  1. Home
  2. Notícias
  3. Petrobras aposta na alta do petroleo para cortar divida

Petrobras aposta na alta do petroleo para cortar divida

Mesmo com dificuldades para avançar com o programa de venda de ativos, neste semestre, a Petrobras mantém a confiança de que conseguirá cumprir a meta fixada de redução da dívida até o fim do ano. A estatal cortou em 36%, de US$ 11 bilhões para US$ 7 bilhões, a previsão de geração de caixa com desinvestimentos este ano, mas acredita que a alta dos preços do barril do petróleo pode compensar as perdas de receitas projetadas com alienações. A expectativa é que os ativos de exploração e produção (E&P) já em processo de venda alcancem valores mais elevados por causa preços mais altos da commodity.

A redução dos investimentos projetados para este ano, de US$ 17 bilhões para US$ 15 bilhões, também deve contribuir para o fluxo de caixa da companhia.

Em junho, o programa de parcerias e desinvestimentos da estatal sofreu um revés no Supremo Tribunal Federal (STF), depois que o ministro Ricardo Lewandowski concedeu uma liminar proibindo a venda de estatais e suas subsidiárias sem o aval do Congresso. A decisão pegou de surpresa a petroleira, que teve de interromper as negociações para venda da Transportadora Associada de Gás (TAG), dos polos de refinarias do Sul e Nordeste e da Fábrica de Fertilizantes de Araucária (PR).

A TAG e as refinarias eram um dos principais trunfos da companhia para cumprir sua meta de desinvestimentos de US$ 21 bilhões para o biênio 2017-2018 (o número considera os contratos assinados, mas não necessariamente concluídos). A suspensão das negociações aconteceu justamente num momento crítico, em que a estatal intensifica os esforços para cumprir a meta. A empresa só atingiu, até o momento, cerca de um quarto do compromisso e precisará fechar algo em torno de US$ 16 bilhões em negócios até o fim do ano para cumprir a meta.

"A suspensão dos desinvestimentos da TAG e das refinarias coloca um desafio maior para o cumprimento da meta [de venda de ativos], mas continuamos perseguindo", disse o presidente da estatal, Ivan Monteiro, na sexta-feira, ao comentar os resultados do segundo trimestre divulgados.

O programa de parcerias e desinvestimentos é um dos principais pilares da estratégia de desalavancagem da empresa. A meta é chegar ao fim do ano com uma relação dívida líquida/Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 2,5 vezes. A estatal encerrou o segundo trimestre com relação de 3,23 vezes, frente a 3,52 vezes do primeiro trimestre, e com uma dívida líquida de US$ 73,7 bilhões, o menor patamar de endividamento desde 2012 e abaixo da meta traçada para o ano, de US$ 77 bilhões. O câmbio, porém, jogou a dívida, em reais, para cima: R$ 284 milhões, frente aos R$ 270 bilhões ao fim de março.

"Com a atual gestão de portfólio, no atual nível de Brent, e com o que estamos conseguindo ver de melhor número para geração de caixa, muito provavelmente nós conseguiremos, sim, atingir a nossa meta de desalavancagem para este ano", afirmou o diretor financeiro e de relações com investidores da Petrobras, Rafael Grisolia.

Dos US$ 7 bilhões previstos em geração de caixa com desinvestimentos este ano, ainda faltam entrar no caixa da companhia algo em torno de US$ 2 bilhões neste segundo semestre. Reduções adicionais na alavancagem, portanto, virão do aumento do Ebitda, favoravelmente impactado pelos preços do petróleo.

Ivan Monteiro destacou também que, se por um lado a empresa enfrenta um cenário mais desafiador para vender a TAG e as refinarias, por outro, a alta do preço do petróleo joga a favor nas negociações em curso, aumentando a precificação dos ativos a venda - em especial aqueles da área de exploração e produção de óleo e gás.

A alta do preço do barril no mercado internacional é um dos principais motores dos lucros robustos que a empresa vem apresentando este ano. No primeiro semestre, o preço médio do Brent subiu 36% em relação a igual período do ano passado, para cerca de US$ 70 - ante a previsão inicial de US$ 53.

A valorização do barril resultou em maiores margens e impulsionou os resultados da companhia, que acumula um lucro líquido de R$ 17 bilhões em 2018 - 3,5 vezes a mais que o lucro apurado na primeira metade do ano passado. Já a margem bruta da empresa avançou quatro pontos percentuais, para 37% na mesma base de comparação, mostrando que os custos estão subindo menos que o faturamento.

Grisolia também destacou os esforços da companhia não só para reduzir a dívida, mas para alongar o perfil de amortização do endividamento. Desde o fim do ano passado, a Petrobras aumentou de 8,6 anos para 9,1 anos o perfil de vencimento.

"É uma redução muito importante. Estamos também fazendo uma gestão ativa para aproveitar as condições de mercado para fazer rolagens e alongamento do perfil da dívida", disse o diretor.

A posição de caixa da Petrobras, de US$ 18,1 bilhões ao fim do segundo trimestre, segundo ele, garante à petroleira a capacidade de pagamento de vencimentos de principal da dívida até 2021. Até lá, a companhia terá que pagar US$ 18,8 bilhões.

Em 2022, a estatal terá pela frente o pico de amortizações das dívidas (US$ 13,3 bilhões). Grisolia afirmou, contudo, que a estatal está concentrada em rolar esse cronograma de amortizações. "Os vencimentos a partir de 2022 estão sendo 'atacados' pela companhia", afirmou o executivo.

FONTE Valor Economico