Navegação de cabotagem, será que vai desta vez?
Navegação de cabotagem, será que vai desta vez?
Sobre a atividade, diz o site do BNDES, “O que se observa, atualmente, é que a navegação de cabotagem transporta um pouco menos de 11% da carga no país. Mesmo sendo o meio de transporte mais competitivo, menos poluente e que tem o menor número de acidentes.” A análise prossegue: “Atualmente, o modal rodoviário responde por quase 65% da carga transportada. Mesmo com o significativo crescimento que a navegação de cabotagem obteve nos últimos anos, ela hoje detém uma participação relativa de menos de 11% do total das modalidades de transportes.
O modal hoje no País.
Transporte de petróleo entre as plataformas marítimas
BNDES, “Apesar de seu potencial, a navegação de cabotagem no Brasil está muito restrita à movimentação de poucos produtos. Sobretudo ao transporte de petróleo entre as plataformas marítimas e o continente. Entre 2010 e 2016, o petróleo representou 75% da carga total. A movimentação de bauxita foi de 9,9%. Na sequência, respondendo por 5,8%, está o transporte de contêineres.”
Vantagens da navegação de cabotagem
Ainda por conta do BNDES,” A grande capacidade de movimentação de cargas da navegação de cabotagem gera ganhos de escala, como: menor consumo de combustível por tonelada transportada, menor custo por tonelada-quilômetro transportado, reduzido registro de acidentes. Para transportar a mesma quantidade de carga de uma embarcação de seis mil toneladas, haveria necessidade de 172 carretas de 35 toneladas ou 86 vagões de setenta toneladas. Além disso, o menor consumo de combustível por tonelada-quilômetro transportado terá como consequência menor emissão de poluentes.”
Entraves à navegação de cabotagem hoje
Para o site maxitrans.com.br, são três os maiores.
Burocracia
Apesar de ser um transporte seguro e eficiente, o modal marítimo entre portos nacionais sofre com o excesso de burocracia da política nacional de transportes. A cabotagem esta sujeita praticamente às mesmas regras do tratamento de longo curso, ou transporte internacional. Isso ocorre porque mesmo transitando em território nacional, a carga concorre com terminais de comércio internacionais. O resultado é uma maior demora para que a carga chegue ao seu destino final
Custos
Um outro problema é a estrutura dos custos operacionais. A mão de obra é muito cara, há falta de profissionais no mercado. Isso ocorre porque eles precisam ser treinados para a cabotagem. Além disso, os custos de combustíveis também são elevados. Esses fatores afetam aproximadamente 2/3 dos custos do curso total.
Alta carga tributária
A alta carga tributária, tanto na prestação do serviço de cabotagem quanto sobre a carga transportada. O Brasil tende a valorizar o transporte rodoviário. Por isso, geralmente os benefícios tributários são direcionados à ele. Os impostos não são um problema somente pela burocracia e demora na liberação de documentos, mas também pelos altos custos.
E daí? Daí que o governo vem com um plano para resgatar a navegação de cabotagem conhecido como…
‘BRs do Mar’
O Ministério da Infraestrutura pretende lançar, em agosto, um programa de incentivo à navegação de cabotagem. A expectativa é de ampliar o transporte de carga pela costa brasileira. Segundo o site, portosenavios.com.br ,”Uma medida provisória deve promover fortes mudanças no marco regulatório do setor. A cabotagem teve crescimento médio anual de 12,8% na última década. Apesar do ritmo chinês, o governo avalia que ainda há muito espaço para expansão. As metas do programa incluem duplicar o volume de contêineres transportados por ano. Dos atuais 1,35 milhão para 2,7 milhões de TEUs (unidade equivalente a 20 pés) em 2022. E ampliar em 40% a capacidade da frota marítima dedicada à cabotagem nos próximos três anos.”
Conheça as novas medidas para a navegação de cabotagem no Brasil
Para o portosenavios.com.br, “mais flexibilidade na incorporação de navios por empresas brasileiras de navegação, uso facilitado de terminais portuários voltados à movimentação de cargas domésticas, mudança no sistema de garantias para acesso ao Fundo de Marinha Mercante (FMM). E uma tentativa de acabar com distorções na cobrança de ICMS sobre o bunker (combustível marítimo).” O secretário nacional de Portos e Transportes Aquaviários, Diogo Piloni, diz ao jornal Valor que “temos condições de triplicar as taxas de crescimento da navegação doméstica”.
Novas rotas
O Valor destaca que “um dos grandes avanços da MP é o incentivo ao estabelecimento de operações especiais’ – novas rotas que as companhias poderão oferecer, ligando um porto a outro. Para testar um rota, fica-se temporariamente livre da exigência de ter frota própria (pelo menos um navio construído aqui ou importado) para a obtenção do registro como empresa brasileira de navegação.”
Isenção de impostos
“As companhias de navegação vão ganhar um estímulo para ampliar a oferta – não apenas em operações especiais – com embarcações estrangeiras. Elas vão ganhar isenção de tributos federais, como Imposto de Importação e PIS/Cofins, ao incorporar navios fabricados no exterior. Esses tributos encarecem os equipamentos em 40% a 50%, segundo estimativas do governo, e vão se transformar em créditos.”
Alguns países e dados de cabotagem
O governo faz bem em investir na área. O Brasil usa transporte rodoviário para 65% de sua carga. Comparando com outros países, o nosso desperdiça potencial. O site tecnologistica.com.br explica que “o Japão, que transporta 44% de sua carga na cabotagem, utiliza a rodovia para 50% de sua movimentação. Para a União Europeia, esse índice é de 49%. Nos Estados Unidos, o transporte rodoviário conta para 43% de sua movimentação doméstica. Por fim, a China utiliza o rodovia para movimentar 33% de suas cargas internas.” A mesma fonte elenca outras vantagens da cabotagem: “O frete rodoviário é, em média, 20% maior do que o frete da cabotagem. Os caminhões estão envolvidos em um terço dos acidentes ocorridos em rodovias federais e, por fim, a utilização das rodovias para cargas de longas distâncias causa uma aceleração de seu desgaste, gerando altos custos de manutenção.”
Conclusão
O Brasil tem algo como 37 portos públicos, mais 147 terminais portuários privados; é um litoral privilegiado. E, ensina a história, há mais de 500 anos os portugueses já mostravam ao mundo a importância do domínio do mar na geopolítica mundial. Vivo criticando o Brasil que virou as costas para o mar. Vamos desvirar?
No fim do ano faremos post avaliando.
Imagem de abertura: simplificafretes.com.br
Fontes:https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/conhecimento/noticias/noticia/cabotagem; https://www.portosenavios.com.br/noticias/geral/plano-traz-incentivos-para-brs-do-mar; https://www.tecnologistica.com.br/portal/artigos/79972/cabotagem-no-brasil%3A-importancia-beneficios-e-crescimento/; https://www.slideshare.net/aplop/realidade-da-cabotagem-no-brasil; http://www.maxitrans.com.br/blog/cabotagem-no-brasil/.
FONTE MAR SEM FIM