Impasse com tabela de frete paralisa transporte de fertilizantes no PR
SÃO PAULO - A greve dos caminhoneiros e a disputa em torno da implantação ou não da tabela mínima de valores para o frete continua dificultando as atividades do campo. O problema agora são os insumos agrícolas parados no porto de Paranaguá. De acordo com o Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), 75% do fertilizantes que foram importados para a safra 2018/19 está parada no principal porto de entrada do país.
Segundo o sindicato, 18 navios aguardam na fila em Paranaguá à espera de desembarque de fertilizantes. Todos parados devido à falta de definição em relação ao valor do frete para que os caminhões transportem o produto ao interior. Cada navio parado tem um custo para o importador (demurrage) de US$ 15 mil por dia. Isto é, no total estão sendo gastos US$ 270 mil por dia no porto. "Isso deve ser repassado aos produtores e consumidores, com aumento nos custos de produção e dos alimentos", diz o sindicato
Até o final de junho, deverão chegar mais navios com fertilizantes, com capacidade de 25 mil toneladas cada, totalizando 1,9 milhão de toneladas a serem desembarcadas. No ano passado foram importados por Paranaguá, 8,5 milhões de toneladas de fertilizantes que abasteceram lavouras do Paraná, Paraguai e de outros estados produtores.
Além da fila de navios, os armazéns das empresas importadoras no porto já estão tomados e sem perspectiva de escoamento até que se chegue a uma definição em relação aos valores dos fretes.
Para José Roberto Ricken, presidente do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), todo este insumo já deveria estar disponível para o planejamento da safra de verão. "Corremos o risco de grande parte dos produtores não conseguirem utilizar a tecnologia adequada o que poderá impactar na produtividade para a próxima safra".
Ricken cobra das autoridades uma solução urgente ao impasse criado após as constantes mudanças ocorridas na tabela de fretes e que vem ocasionando a estagnação no setor. "No caso específico dos fertilizantes, a situação se agrava ainda mais pelo fato que todo este insumo tem que chegar, em até 60 dias, no interior do país". Segundo ele, "apenas 45% das cargas estão sendo transportadas e essa demora acarretará consequências incalculáveis, pois o campo, como os demais setores produtivos, depende de planejamento, sem isso é prejuízo na certa e com reflexos diretos para economia brasileira".
Hoje, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, recebe em audiência às 11 horas representantes de governo, empresários, caminhoneiros e da Procuradoria-Geral da República para discutir a legalidade da tabela de preço mínimo do frete.
As entidades questionam a constitucionalidade das medidas provisórias dos caminhoneiros e da resolução da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) que tabelou os preços mínimos de fretes. A ação, com pedido de medida cautelar, foi impetrada pela Associação do Transporte Rodoviário de Carga do Brasil, Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Fux pretende ouvir todas as partes envolvidas.