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Greve de caminhoneiros ajudou a frear recuperacao da economia; veja o caminho do PIB no trimestre

Paralisação dos caminhoneiros impactou a atividade econômica no período, mas movimento se somou a outros fatores como recuperação lenta e piora do cenário externo.


Segundo trimestre foi marcado por greve dos caminhoneiros; veja cronologia (Foto: Betta Jaworski/G1)

Após o registro de dados econômicos positivos em abril, os meses de maio e junho foram marcados por resultados mais fracos, até chegar ao crescimento de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre de 2018. O resultado foi divulgado nesta sexta-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), e marca uma manutenção do ritmo lento de retomada do crescimento da economia.

O resultado econômico do trimestre foi fortemente impactado pela greve dos caminhoneiros, que começou em maio e manteve rodovias fechadas por 11 dias. Economistas apontam que o efeito negativo da greve sobre a economia do período foi bastante significativo, e indicam ainda outros fatores que já vinham puxando o desempenho para baixo, como as dúvidas em relação à velocidade da recuperação da economia, o cenário eleitoral incerto e a piora das condições externas.

Impacto da Greve
Sem ter como escoar a produção, muitos produtores rurais jogaram fora produtos como leite, e houve também quem decidiu sacrificar animais por causa da falta de ração. Além do agronegócio, os setores da indústria e do comércio também foram impactados.

“A greve foi quase como um divisor de águas. Não a ponto de inviabilizar a retomada da economia, a gente ainda deve ter resultados positivos. Mas impacta a velocidade da recuperação”, afirma Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos.

“A produção industrial foi muito impactada, foi o indicador que mais sofreu. O que não é surpresa, já que (a greve) interrompe a distribuição de mercadorias”, analisa Latif. Ela destaca que, após a paralisação, o crescimento da indústria “voltou, mas não a ponto de compensar a queda”.

Outros Fatores
No mês seguinte à greve, os indicadores mostraram uma tendência de recuperação, mas os impactos da greve se juntaram às outras incertezas da economia no impacto ao PIB do trimestre. Diversos órgãos, bancos e consultorias reduziram suas expectativas de crescimento do PIB no ano como um todo.

“A recuperação está anêmica em relação ao potencial que poderia ter”, analisa o economista Roberto Luis Troster.

“Primeiro porque a política de crédito continua ruim, a inadimplência segue alta e o crédito comercial ainda é baixo”, diz Troster, acrescentando entre as incertezas do trimestre a piora do cenário externo, com a expectativa de alta dos juros nos Estados Unidos, temores sobre uma guerra comercial coma China e a crise na Turquia.

Nesse sentido, Latif aponta que a alta do dólar no trimestre também contribui negativamente para a economia. “Teve um contágio financeiro dessa piora nos mercados. O dólar subir significa pressão de custos para as empresas.”

No entanto, para os próximos meses os economistas esperam que a recuperação da economia ganhe força. Latif aponta, por exemplo, que ainda não foram sentidos integralmente os efeitos do corte da taxa básica de juros, a Selic. “Tem muito efeito da política monetária para se materializar. A gente pode discutir se vai ser mais ou se vai ser menos, mas é sim um país que, lentamente, vai se recuperando. Não é um trem que está descarrilhado, apesar de estar muito devagar.”

Troster também vê melhora mais adiante. “Eu diria que há um pessimismo exagerado”, diz. “Acredito que até o final do ano vai ter um viés para cima das expectativas.” 

FONTE Globo G1