Especialistas debatem inovação e tecnologia exponencial em São Paulo
SingularityU Brasil Summit conta com o patrocínio da CNT e apoio institucional do SEST SENAT e do ITL.
Yvonne Cagle, astronauta
Moon Shot. Termo que traduz uma ideia disruptiva, de quebra de paradigmas, e seus desdobramentos e desafios práticos. O pensamento foi um dos pontos centrais do SingularityU Brasil Summit, evento que acontece entre esta segunda-feira (23) e terça-feira (24), em São Paulo, e conta com o patrocínio da CNT e apoio institucional do SEST SENAT e do ITL. Personalidades em inovação, tecnologia exponencial, robótica, entre outros temas, falaram da necessidade de olhar para o passado por meio da análise de fatos e dados e de dar continuidade ao presente com evolução e inovação.
Peter Diamandis, fundador da Singularity University, abriu o evento e afirmou que a mudança só acontece com ações. Para ele, "é essencial reconhecer qual é o seu propósito de transformação massiva, ou seja, a missão que te mantém apaixonado". Thomas Kriese, especialista no mercado de tecnologia, ressaltou que a evolução dos telefones móveis comprova que o tempo atual é exponencial, com mudanças que se multiplicam, e, ao mesmo tempo, atingem muitas pessoas. Por isso, Kriese recomenda que líderes estejam abertos ao conhecimento e à aplicabilidade do que aprendem e que sejam entusiastas das novas tecnologias.
O cientista político e urbanista canadense Robert Muggah também destacou o poder dos dados e das estatísticas para a evolução das cidades. "Só por meio deles é possível planejar o crescimento saudável de uma cidade. Planejar não significa criar uma estratégia e ficar preso a ela, mas avaliar seu potencial conforme o passar do tempo e as mudanças de comportamento. As cidades são a chave para a nossa sobrevivência", afirmou. O especialista ressaltou a relevância da locomoção nesse contexto. "Transporte público é a solução não só para o tráfego, mas, também, para a saúde pública. Menos trânsito é igual a menos stress. E uma cidade inteligente e do futuro deve ser saudável", explicou.
Muggah ressaltou ainda que, para obterem sucesso, as cidades devem ter um plano básico de infraestrutura e manter-se presas a ele. "Não adianta tem um plano e mudar após cinco anos. Cada prefeito tem que revisá-lo. As cidades têm que tomar as decisões mais difíceis, diminuindo a emissão de carbono e dando incentivo às construções de parques e ciclovias", alertou.
Resiliência
O moonshot da americana Yvonne Cagle foi sonhar em pisar na lua e, partir daí, seguir todos os passos que a levaram para a realização de seu sonho, entre eles, o exercício da resiliência. "Astronauta é qualquer um que ousa se inspirar em algo que é maior do que si mesmo", diz ela. Yvonne também é médica cientista-chefe do Programa de Nível II de Pesquisa Suborbital Comercial e Reutilizável da Nasa. Atualmente, trabalha no projeto de uma missão de visita ao planeta Marte, em 2035. "Vamos estudar as reações e detectar doenças antes que elas se manifestem no corpo humano. O espaço afeta nosso fluxo sanguíneo, ossos e músculos", explicou. "Também estudaremos meios de transporte e robótica, incluindo um exoesqueleto com órgãos e até sangue sintético que se comportam como os nossos".
Tiago Mattos, professor de futurologia na Universidade Hebraica de Jerusalém, focou sua apresentação em transformações digitais. "O maior erro que uma liderança comete é quando acha que a transformação digital é decisão da alta cúpula. Precisamos entender que se trata de um processo cultural. O papel da liderança é criar cultura forte e fazer a transformação", observou. "A nova definição de organização é de compartilhamento, empoderamento, evolução, abundância e ecossistema. Quando a gente prioriza legado sobre lucro, estamos bem. Não precisamos ser a melhor empresa do mundo, mas sim, a melhor para o mundo", concluiu.
Evie Gonçalves
Agência CNT de Notícias