Com greve dos caminhoneiros, recuperacao da economia deve ser mais lenta, diz Banco Central
Na ata do último Copom, os membros do BC acreditam que a evolução da economia ao longo dos meses de julho e agosto deve indicar com mais clareza o ritmo da recuperação; segundo o documento, a Selic deve se manter em 6,5% ao ano.
A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) Banco Central reconhece que o ritmo de recuperação da economia brasileira deve ser mais gradual que o previsto antes da greve dos caminhoneiros. Na última quarta-feira, 20, os membros do Conselho decidiram manter a Selic (a taxa básica de juros) em 6,50% ao ano, após 12 cortes consecutivos. "Na avaliação do Copom, a evolução do cenário básico e do balanço de riscos prescreve manutenção da taxa Selic no nível vigente", disse o colegiado na ata.
Dúvidas em torno dos próximos passos do BC estão ligadas a inflação e riscos internos e externos.
Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino
Sobre a paralisação que atrapalhou a atividade econômica em todo o Brasil, os diretores do BC dizem que os números sobre a atividade "referentes a maio e, possivelmente, junho deverão refletir os efeitos da referida paralisação". "A evolução da economia ao longo dos meses de julho e agosto deve indicar com mais clareza o ritmo da recuperação, que poderá se mostrar mais ou menos intensa", dizem os diretores do BC.
A ata do último Copom indicou ainda que a projeção para o IPCA de 2018 no cenário de referência está em 4,2%. Já a projeção para 2019 é de 4,1%.
Em outro trecho da ata, o BC voltou a defender a continuidade do processo de reformas e ajustes na economia brasileira, visto como "essencial para a manutenção da inflação baixa no médio e longo prazos, para a queda da taxa de juros estrutural e para a recuperação sustentável da economia". Ao mesmo tempo, o BC reiterou que a conjuntura econômica "prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural".
Exterior. O Banco Central reconhece que o processo de alta do juro nos Estados Unidos gera risco crescente para os mercados emergentes. Esse fenômeno, dizem os diretores da instituição, deve potencializar o ajuste de preços e a volatilidade nos negócios. Outro risco é a guerra comercial entre as principais economias do mundo. Para o BC, o cenário externo está mais "desafiador".
Outro risco mencionado pelo BC é a "intensificação dos riscos associados à continuidade da expansão do comércio internacional". Em meio às decisões protecionistas das maiores economias do mundo, como os Estados Unidos e China, o BC nota que esse recrudescimento pode gerar "possíveis impactos sobre o crescimento global", diz o BC.