Brasil investe pouco em infraestrutura, diz presidente da ABCR
SÃO PAULO - O presidente da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), César Borges, afirmou que o Brasil vai investir neste ano em infraestrutura menos de 1,5% do PIB, e percentual ainda menor em transporte e logística.
Ex-ministro dos Transportes, Borges lamentou mudanças feitas pelo poder público sem a respectiva compensação nos contratos de concessões das rodovias. Citou como exemplo a suspensão de cobrança de pedágio dos eixos suspensos de caminhões nas rodovias do país, medida baixada pelo presidente Michel Temer durante a paralisação dos caminhoneiros.
O presidente da Arteris, empresa de concessões de rodovias, David Díaz, afirmou que para mudar é preciso “senso de urgência, vontade e mudança de hábitos”.
O executivo estima ser necessário que o Brasil invista por ano de 1,5% a 6% do PIB em infraestrutura, o que equivaleria a entre R$ 300 bilhões e R$ 400 bilhões.
Segundo ele, o mundo tem dinheiro, mas os recursos são drenados para projetos “de qualidade e onde existe segurança jurídica”, disse Díaz.
Ambiente
Borges ainda reclamou dos órgãos ambientais e disse que eles “não têm compromisso com o desenvolvimento do país”, ao se referir à demora para aprovar projetos. Borges participa nesta manhã do evento “E agora, Brasil?”, promovido pelos jornais "O Globo" e Valor Econômico, em São Paulo.
Outra crítica do ex-ministro para que os projetos sejam destravados foi em relação ao papel do Tribunal de Contas da União (TCU). Segundo ele, o órgão deveria apenas recomendar, mas hoje atua como uma “agência reguladora de segunda instância, o que cria insegurança jurídica”.
Prova disso, destacou, é o leilão da Rodovia de Integração do Sul (RIS), a BR-101/290/386/448/RS, que teve vários pontos questionados pelo órgão de controle, o que atrasou o cronograma do leilão, marcado para novembro. “Será a primeira rodovia federal a ser licitada em dois anos”, disse.