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Atividade fraca no 4o tri aumenta desafio para 2019

Com alta de 0,29% em novembro, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) confirmou a percepção de que a atividade do quarto trimestre foi fraca. Diante do resultado, e dos indicadores antecedentes já conhecidos para o mês de dezembro, economistas veem viés de baixa para suas estimativas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no período.

Um avanço menor do PIB no quarto trimestre deve tornar mais desafiador um crescimento acima de 2,5% da economia neste ano, devido a uma menor contribuição do chamado carregamento estatístico. Ainda assim, analistas mantêm o otimismo, por causa da melhora das condições financeiras e da perspectiva de aprovação de reformas no ano.

O IBC-Br de novembro veio ligeiramente acima da expectativa do mercado, que era de uma alta de 0,2%, conforme a média das projeções colhidas pelo Valor Data. No mês, a produção industrial subiu apenas 0,1%, enquanto o volume de serviços ficou estável e as vendas no varejo surpreenderam positivamente, com alta de 2,9%. Na comparação anual, o IBC-Br subiu 1,86%.

Para Mauricio Nakahodo, economista do Banco MUFG Brasil, os dados de novembro reforçam uma sequência de meses em que a atividade avançou de maneira "muito moderada" - o IBC-Br teve queda de 0,12% em setembro e ficou praticamente estável em outubro, com alta de 0,02%.

"A atividade ainda não mostra sinais de crescimento forte", observa. "Diante desses indicadores, há um viés de baixa para nossa projeção do PIB." O MUFG esperava uma aceleração para o PIB no quarto trimestre, com alta de 0,9% na margem, ante avanço de 0,8% de julho a setembro. Agora, o banco avalia que sua projeção deve ficar mais próxima de 0,4%. Com o ajuste, o PIB de 2018 também seria corrigido ligeiramente para baixo, de 1,3% para 1,2%.

Na mesma linha, o Itaú é outra instituição que indicou possível correção nas projeções. "Estamos esperando [um crescimento do PIB do quarto trimestre de] 0,2% na margem. Mas, com o resultado de novembro e o que temos visto de indicadores já divulgados de dezembro, podemos pensar em algum viés de baixa para esse número", diz o economista Artur Passos.

Entre os indicadores antecedentes de dezembro já conhecidos, o uso de capacidade da indústria caiu 0,8%, o tráfego de veículos pesados nas estradas recuou 1,4%, a expedição de papelão ondulado diminuiu 4,4% e a venda de veículos encolheu 3,8%, conforme dados divulgados pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e entidades setoriais, dessazonalizados pela LCA Consultores.

A LCA projeta preliminarmente uma queda para a produção industrial em dezembro, de 0,1% na margem. Para o varejo, as projeções por ora são de recuos de 0,3% e 0,9% nos conceitos restrito e ampliado (que inclui vendas de veículos e material de construção), respectivamente, devido à forte alta registrada em novembro, sob efeito da Black Friday.

Diante desses dados, a consultoria deve revisar sua projeção para o PIB do quarto trimestre, de uma alta interanual de 2% e avanço de 0,5% na margem, para 1,5% na base anual e 0,1% na margem. Com isso, o PIB de 2018 seria ajustado de 1,4% para 1,2%.

O menor crescimento esperado para o PIB do quarto trimestre afeta negativamente o carregamento estatístico deixado para 2019, que cai de 0,9% para 0,5%. "Isso aumenta ainda mais o desafio do crescimento projetado para este ano", diz Rodrigo Nishida, economista da LCA. "Teríamos que ter crescimentos bem relevantes na margem em todos os trimestres, próximo de 0,8%, para chegar em 2,5%, 3%."

A estimativa da LCA é de um crescimento de 2,3% para 2019, um pouco abaixo dos 2,5% esperados pelo mercado, segundo o boletim Focus, do Banco Central.

Mais otimista, a GO Associados manteve sua projeção para o PIB este ano em 3,27%. "O PIB do quarto trimestre será bem inferior ao do terceiro trimestre, mas não reflete a tendência do ciclo pós-eleitoral e a mudança dos fatores condicionantes", escrevem Gesner Oliveira e Eduardo Velho, em relatório. Para os economistas da GO, o crescimento "contratado" já supera 1% para 2019.

Passos, do Itaú, avalia que a melhora das condições financeiras e a perspectiva de aprovação das reformas devem falar mais alto no desempenho da atividade neste ano. "Isso é mais importante do que o resultado do quarto trimestre, que sofre um efeito defasado do aperto das condições financeiras no terceiro trimestre", diz, citando a piora do câmbio, bolsa e curva de juros como efeito da insegurança provocada pelas eleições presidenciais.

Essa também é a avaliação de Nakahodo, do MUFG. Ele lembra que o país entra em 2019 com inflação controlada, o que dá espaço para manutenção da taxa básica de juros. Isso ajuda na recuperação do crédito que, junto com uma melhora do mercado de trabalho (com maior geração de vagas formais), favorece o consumo das famílias. O banco projeta alta de 2,5% para o PIB em 2019.

FONTE Valor