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Arteris negocia compra de duas rodovias da OTP

Arteris negocia compra de duas rodovias da OTP
A concessionária de rodovias Arteris assumiu a frente das negociações para comprar ativos da Odebrecht Transport (OTP). Originalmente, as conversas estavam a cargo da gestora canadense Brookfield, que é acionista do bloco de controle da Arteris junto com a espanhola Abertis. Mas houve um arranjo interno que colocou a concessionária na condução da transação, apurou o Valor.

O interesse da Arteris está concentrado em duas das seis rodovias da Odebrecht Transport: a Rota das Bandeiras, responsável por 297 quilômetros do Corredor Dom Pedro, no interior do Estado de São Paulo; e a Rota do Oeste, que opera 851 quilômetros da BR-163 no Mato Grosso.

São as maiores rodovias em extensão do portfólio da Odebrecht Transport e também as únicas em que a empresa tem 100% de participação. Nas demais, está em sociedade com a Invepar (Bahia Norte, Litoral Norte e Rota do Atlântico) ou com o grupo Cornélio Brennand (Rota dos Coqueiros).

Procurada, a Odebrecht Transport confirmou que a negociação segue, mas que não há nada fechado. Arteris e Brookfield informaram que não comentariam.

O acordo de exclusividade para estudar os ativos foi fechado com a Brookfield em meados do ano passado. Todavia, recentemente, foi repassado à Arteris. Ainda não há previsão de desfecho do negócio.

A Rota das Bandeiras é a "menina dos olhos" da carteira da Odebrecht Transport. É a única do grupo no Estado de São Paulo. Os 297 quilômetros estão em cinco rodovias concessionadas, que cortam 17 cidades, entre as quais as ricas Campinas, Paulínia e Jundiaí. A concessão é de 30 anos, terminando em 2039.

Antes de a Brookfield fechar a exclusividade, a brasileira CCR era um dos grupos que tinham interesse no ativo. A grande dificuldade da negociação era que a Odebrecht queria vender o pacote de rodovias e não estradas separadas. O Valor apurou que a Odebrecht continua em contato com outros investidores para os quatro ativos que não interessam à Arteris.

Já a Rota do Oeste, no Mato Grosso, é o eixo principal do escoamento da produção de grãos do Centro-Oeste. Integra a 3ª etapa do programa federal de concessões de rodovias licitadas no governo da ex-presidente Dilma Rousseff.

A concessão foi assinada em 2014 e vai até 2044. Ao longo dos 30 anos, há previsão de investimentos de R$ 5,5 bilhões. Uma das exigências dessa rodada de licitações é que a duplicação dos trechos seja feita nos cinco primeiros anos. Uma obrigação considerada pesada demais, sobretudo porque muitas empresas não conseguiram o financiamento de longo prazo junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) - caso da OTP - ou têm problemas para obter licenças ambientais.

Em setembro, o governo tentou dar uma solução para as rodovias da 3ª etapa. Baixou uma medida provisória, a MP 800, que amplia de cinco para 14 anos a obrigação de duplicação. A OTP é uma das empresas que solicitaram à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) a adesão de sua controlada à chamada "MP das Rodovias". A vigência da MP vai até 26 deste mês, prazo que já inclui o recesso parlamentar.

O controle da Arteris está nas mãos da Partícipes en Brasil S.L., com 82,3% do capital. Os 17,7% restantes estão com a Brookfield Aylesbury S.A.R.L. As ações da Partícipes são divididas entre a Abertis (com 51%) e a Brookfield Motorways Holdings (49%).

No Brasil, a Arteris é concessionária de dez rodovias, entre federais e estaduais. A empresa entrou no país ao comprar os ativos da espanhola OHL, que saiu do negócio de rodovias brasileiras. A empresa opera importantes estradas, como a Régis Bittencourt (que liga a capital paulista a Curitiba) e a Fernão Dias (conexão entre as cidades de São Paulo e Belo Horizonte).

Desde então, a Arteris vem ampliando a carteira. O último grande negócio foi feito em abril de 2017. O grupo ganhou o leilão da Rodovia dos Calçados, de 434,7 quilômetros, entre as cidades paulistas de Araraquara e Itaporanga, na divisa com o Paraná. O contrato de concessão prevê investimentos de R$ 5 bilhões em obras ao longo de 30 anos.