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Amazon estreia venda direta aos brasileiros

Seis anos após a sua chegada no Brasil, por meio da venda de livros digitais, a Amazon vai entrar, definitivamente, na disputa pelo comércio on-line no país. Em seu site, a empresa começa hoje a vender produtos de 11 categorias - como eletrônicos, brinquedos e cosméticos - de forma direta ao consumidor brasileiro. Até então, a só comercializava esses itens de lojistas hospedados em sua página, nomodelo de "marketplace".

Com isso, é possível que suba de patamar o ambiente de concorrência no país - menos pelo volume de categorias anunciado (ainda pequeno perto das rivais locais), mas especialmente pela expectativa de que a Amazon passe a acelerar sua venda direta no país. Ontem, relatório do BTG Pactual mencionou efeito dessa nova ação da Amazon sobre Magazine Luiza e B2W (Americanas e Submarino) - ela fecharam em queda na bolsa (ver gráfico).

Além da venda direta, a varejista vai oferecer frete grátis em compras acima de R$ 149 - para livros e jogos, foi mantido o frete zero acima de R$ 99. No Brasil, o frete grátis deixou de ser prática comum, mas vai valer na Amazon para as 11 categorias despachadas do centro de distribuição de Cajamar (SP), de 47 mil metros quadrados.

O número de itens vendidos e entregues pela Amazon no país (em estoque) passa de 200 mil para 320 mil. Destes 320 mil, 200 mil são livros e 120 mil são os outros itens. "O que queremos é vender tudo o que for possível no Brasil e para isso, era preciso avançar para o '1P' [venda direta]. No mundo, mais ou menos 50% da venda é 1P e 50% é 3P ["marketplace"], porque para nós não há separação, é uma cesta de opções ao cliente", diz Alex Szapiro, diretor geral da Amazon no Brasil. "Demoramos anos para avançar aqui, não vamos demorar mais muitos anos para fazer novos anúncios", disse, sem dar mais detalhes.

Neste conjunto de itens que passam a ser vendidos pela Amazon estão, além de linha marrom (TVs, som), celulares, informática, itens para casa e produtos para bebês, entre outros. A linha branca, que reúne geladeiras e lavadoras de roupa, por exemplo, como refrigeradores, ficou de fora.

Essa decisão do frete grátis pode indicar aumento na agressividade da operação no país, talvez até mais relevante do que o início da venda direta. É que ao seguir esse caminho, a empresa parte para um ganho mais acelerado de escala, subsidiando parte dos custos logísticos - frete é um importante fator decisório na compra.

O Mercado Livre, que opera comente como "marketplace", tentou seguir tática semelhante, ao anunciar frete grátis acima de R$ 120 no país em 2017, mas teve que rever essas condições meses depois, pressionado pelos custos dos Correios. A Amazon tem como parceiros na área de entregas Correios, Total, Loggi e Sequóia, entre outras.

Sobre o risco de adotar frete grátis, em um país complexo do ponto de vista logístico, Szapiro diz que a operação busca sempre nível maior de eficiência, e isso acaba tornando o negócio sustentável a longo prazo. Para ficar num exemplo, no centro em Cajamar, há controle sobre o pacote do tamanho certo para cada mercadoria.

No centro, há uma sala com área para fotografar os produtos, de maneira a melhorar a qualidade da imagem das mercadorias no site. "Isso eleva a conversão das vendas. Muitas vezes, o cliente desiste da compra porque a foto é feia", diz Daniel Mazini, diretor de varejo da Amazon no Brasil.

Na prática, empresas de venda on-line sobrevivem, por anos, com aporte dos controladores. No mercado, acredita-se que a matriz da Amazon está sustentando (e assim ainda deve continuar) esses níveis de investimentos locais - como no centro de distribuição. O valor investido não foi revelado. A diferença pode ser a capacidade de absorver esses investimentos, maior na Amazon do que no Mercado Livre.

O centro em Cajamar é o único da Amazon no Brasil, alugado da empresa de galpões Prologis. O local estava em fase de testes, até hoje, quando começa a operar para valer - há pouco mais de oito meses, a Amazon ocupa a área, calculam fontes. Para efeito de comparação, a B2W soma 15 centros e na Via Varejo são 26, além de entrepostos.

Os lojistas que estão no "marketplace" da Amazon não usam o centro de Cajamar. E a Amazon não faz gestão e a entrega de mercadorias desses lojistas - um dos focos centrais da operação nos EUA. É algo chamado internamente de "Fulfillment by Amazon (FBA)", que inclui toda gama de serviços ao lojista e considerado ponto forte da Amazon no mundo. Hoje, dos lojistas hospedados no site no país, a Amazon cobra uma taxa de 10% a 20% do valor da venda, segundo tabela da empresa. Em relatório ontem, o BTG entende que B2W e Magazine Luiza estão mais avançados com a oferta desses serviços de entrega. Questionado sobre quando pretende adotar esse tipo de serviço aos lojistas, Szapiro não respondeu.

FONTE VALOR