Alta do barril valoriza as petroleiras, mas preocupa
Um dia depois de os Estados Unidos saírem do acordo nuclear com o Irã, o preço do petróleo teve alta de 3,2%, acumulando no ano variação de 20% e, em 12 meses, de 46%. Se, por um lado, isso fez as ações das petroleiras subirem, por outro, trouxe preocupações sobre um provável aumento da inflação nas principais economias, em especial a americana.
Ontem, o rendimento do título de dez anos do Tesouro americano subiu acima de 3% ao ano. Considerado referência para o mercado de renda fixa, esse papel esteve no centro da forte correção das bolsas globais no início de fevereiro, quando começaram a surgir temores de aceleração da inflação nos EUA, que já está próxima de 2%, meta fixada pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) em sua estratégia de política monetária.
O receio é de que o Fed, por causa da escalada do petróleo, eleve os juros além do esperado. Se isso acontecer, os investidores tenderão a optar por aplicar em títulos do Tesouro americano, fenômeno que já vem ocorrendo nas últimas semanas. O movimento valoriza o dólar e cria dificuldades para os países emergentes, especialmente aqueles que estão mais vulneráveis, como a Argentina. "Um aperto monetário mais rápido nos EUA pode intensificar os riscos para os ativos de mercados emergentes, levando os BCs dessas nações a elevar os juros mais rapidamente e, assim, restringir o crescimento", disse Mark Haefele, diretor global de investimentos do banco UBS.
Nas contas da consultoria Oxford Economics, a saída dos EUA do acordo com o Irã pode, na prática, cortar pela metade o impacto positivo das medidas de estímulo ao crescimento adotadas pelo governo Trump no fim do ano passado. Seria um contrapeso à pressão inflacionária da alta do petróleo, mas ninguém sabe até onde poderão ir os preços da commodity.
Por enquanto, quem comemora são os acionistas das petroleiras. Só no dia de ontem, o valor de mercado da Petrobras aumentou em R$ 31 bilhões, para R$ 341,4 bilhões.