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1 ano depois, inferno de atoleiro e lama se repete na BR-163, no Pará

Implantação da BR no Estado dura anos. Fila de caminhões por vários quilômetros. Foi criada ‘Patrulha do desencalho.


Boletim divulgado na 2ª feira (5.fev.2018) pelo DNIT informa que, com interdição, tempo de espera dos caminhoneiros poderia passar de 5 dias (Divulgação/DNIT - 5.fev.2018)

Há 1 ano, o Poder360 noticiou o caos enfrentado por motoristas na BR-163, que liga Santa Catarina ao Pará. Em fevereiro do ano passado, mais de 5 mil caminhões foram impedidos de seguir viagem por conta de atoleiros no trecho paraense. Motoristas ficaram ilhados por mais de 10 dias.

Hoje, o trajeto dos motoristas de caminhão não está muito melhor. A implantação da rodovia no Pará se arrasta há anos. Enquanto isso, a rota tenta se manter como uma das principais de escoamento das safras produzidas no Mato Groso. O destino: os portos de Santarém e Miritituba, ambos no Pará.

A obra de cerca de 710 quilômetros avançou. Mas, segundo a última atualização divulgada pelo DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), ainda há 90 quilômetros que sequer estão asfaltados. Caminhões, carregados com toneladas de grãos, precisam trafegar por estradas de terra sem qualquer estrutura.

Em uma operação de redução de danos, desde 15 de dezembro o DNIT mantém no Pará uma força-tarefa para manter a trafegabilidade na BR-163. O Exército e a Polícia Rodoviária Federal também participam.

O reforço foi montado para o período chamado de inverno amazônico quando, de dezembro a maio, as chuvas são intensas na região. Chove na estrada de terra e a pista vira 1 completo lamaçal. Por isso, Além de orientar o tráfego, há as chamadas Patrulhas de desencalho, guinchos mantidos de prontidão para caso algum caminhão atole.

Um site oficial do DNIT atualiza as condições da estrada duas vezes ao dia. Na 2ª feira (5.fev.2018), por exemplo, boletim informava que o trecho de Moraes de Almeida a Novo Progresso estava parcialmente interditado. O tempo de espera dos motoristas era de cerca de 125 horas. Ou seja, mais de 5 dias.

Veja 1 dos vídeos gravados por 1 motorista no domingo (4.fev.2018) na mesma região citada no boletim:

 

Imagens aéreas da região mostram o tamanho da fila de caminhões e o isolamento da região por onde passa a rodovia:

 

DESENVOLVIMENTO EMPACADO
A obra é estratégica pelo fato dos portos de Santarém e Miritituba terem os rios Amazonas e Tapajós como porta de saída para o oceano. Sem esses 2 acessos, caminhões que saem do Mato Grosso, por exemplo, andam cerca de mil quilômetros a mais para chegar até o Porto de Santos (SP) ou de Paranaguá (PR).

A safra da soja coincide com o período de chuvas no Pará. A grande movimentação de caminhões carregados com o grão segue pelo menos até abril. O Brasil é responsável por cerca de 40% das exportações de soja no mundo.

O consultor de infraestrutura e logística da CNA (Confederação Nacional de Agricultura), Luiz Antônio Fayet, afirma que a implantação da rodovia já enfrentou uma “série de insucessos” e deveria ter sido concluída há anos.

Fayet lembra que em 2014, a Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja do Brasil) chegou a fazer 1 estudo sobre o impacto da falta de estrutura aos produtores do Mato Grosso. A conclusão foi que, se toda a infraestrutura rodo e hidroviária estivesse pronta, a economia anual seria da ordem de US$ 1,2 bilhão.

Há cerca de 13 anos o consultor acompanha a novela da BR-163. Segundo ele, a rota entre o Mato Grosso e o Pará tem potencial para se tornar até mesmo a maior do mundo em exportação, e competir com o Mississipi, nos Estados Unidos.

Houve uma série de problemas de gestão tanto no Ministério dos Transportes quando no Ministério da Agricultura, afirma Fayed. No entanto, a Pasta dos transportes criou 1 grupo de trabalho para tentar alavancar as obras.

Um dos avanços obtidos pelo grupo foi, por exemplo, a criação da força-tarefa que tenta manter a trafegabilidade na rodovia. “Uma coisa é o que devia estar pronto. Mas como não está, nós temos que trabalhar com a realidade”, diz.

De acordo com o consultor, o grupo de trabalho tem feito pressão junto a Câmara de Infraestrutura e Logística do Ministério da Agricultura. O fato da Pasta ter no comando Blairo Maggi, também contribui com as negociações. A família do ministro é dona do grupo Amaggi. O próprio Blairo Maggi chegou a ser conhecido como “Rei da Soja”.

FUTURO CINZENTO
Por enquanto, o governo federal desembolsou R$ 1,37 bilhão na implantação da BR-163 no Pará.

A previsão de término da implantação da BR-163 ainda é imprecisa. No Mapa Gerencial mais recente divulgado pelo DNIT há conclusão de trechos prevista apenas para fevereiro de 2020.

FONTE: ANA KRÜGER - Poder 360